A União Europeia lançou o relatório “Circular by Design – Products in the Circular Economy“, no qual identifica as premissas para se avançar para uma economia circular focada muito além da eficiência no uso de recursos naturais e na reciclagem de resíduos.
O foco no design significa ultrapassar a obsolescência programada, estendendo a vida útil dos produtos. Entram na ordem do dia o reúso, reparo, redistribuição, remanufatura e reforma, bem como investimentos em pesquisa de produtos com menor potencial degradador do meio ambiente.
Como premissas continuam as de não considerar os processos produtivos lineares, mas desenhar tais processos de forma circular (vemos muito o papel da engenharia de produção em correlação com a engenharia ambiental e as empresas gestoras de sinergias).
O Relatório
A primeira parte do relatório deixa explícitas quatro pressões para adotar uma Economia Circular: Evitar impactos ambientais e sobre a saúde pública relacionados à economia linear, evitar o uso ineficiente de recursos naturais e evitar a dependência de recursos externos à União Europeia.
Minimizar o input de recursos ambientais em processos por meio da manutenção de materiais durante o maior período possível reduz a necessidade de novos materiais e energia, reduzindo os impactos relacionados ao ciclo de vida dos produtos.
Adotadas as políticas para uma economia circular, explícitas nas estratégias de uso de recursos por parte da União Europeia, espera-se o efeito sinérgico do menor uso de materiais e energia na produção, com a consequente redução de emissões relacionadas à maior eficiência.
O esquema conceitual da Economia Circular considera a necessidade de manter os materiais o máximo de tempo possível nos processos produtivos, com valor. Para cumprir o disposto neste esquema, há de se inserir o eco-design desde o início do processo, influenciando na escolha dos materiais, na produção e distribuição, no consumo e acumulação na infraestrutura até o descarte.
Há diversos papeis a serem assumidos nesta transição da economia linear para a economia circular. O Regulador (estados nacionais, regiões, etc) emitem as normas para eficiência energética, energia renovável, monetarização das emissões de carbono por meio de taxas ou cap and trade, que funcionam como forças para direcionamento do mercado.
As empresas, por sua vez, avaliam seus produtos por meio do LCT – Life Cycle Thinking – considerando o design de seus produtos “do berço ao berço”, com uma estimativa dos impactos gerados durante a extração da matéria prima, desenvolvimento, produção, consumo e reaproveitamento.
Os consumidores tendem a escapar da “samsara” da obsolescência programada. Os produtos não podem somente seguir a moda. Há um movimento real de se pagar pelo serviço obtido ao invés da posse e esse movimento tem sido reforçado pelas tecnologias da informação.
De acordo com o relatório, a transição da economia linear para uma economia circular exigiria dos atores diferentes mudanças.
Negócios
Consumidor
Regulador
Algumas destas iniciativas já estão sendo incorporadas ao dia a dia das empresas. A transição das empresas para o modelo de serviços é uma tendência observada em diversas empresas de grande porte.
Estas iniciativas tem grande impacto sobre o modelo sob o qual os processos econômicos estão organizados dentro de uma sociedade. Ao avaliar os processos de produção e consumo, verificamos que há muito a avançar no design de produtos e na extensão da sua vida útil.
O próximo post continua a avaliar o material, desta vez com relação às tendências de mercado para uma economia circular.
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