A ideia de parques industriais com resíduo zero é o ponto de partida do conceito de simbiose industrial. Neste tipo de iniciativa, gerada principalmente pela pressão exercida pelos custos de disposição de resíduos, regulações ambientais mais restritas e as preocupações sobre a degradação ambiental tem levado diversas empresas a rever seus estratégias.
Um dos pontos principais do conceito de simbiose industrial é a relação mutualmente benéfica entre empresas integrantes de um ecossistema industrial, onde uma empresa aproveita os resíduos como novos insumos para processos produtivos.
Esta não é somente uma ideia. Ecossistemas industriais existem em seis continentes e foram incorporados em todos os níveis de política como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento econômico, crescimento verde, inovação e eficiência no uso de recursos. Na Europa, por exemplo, a política para uma Europa Eficiente no uso de Recursos recomenda a Simbiose Industrial para todos os membros da União Europeia visando gerar ganhos na gestão de recursos.
A OCDE também reconhece a simbiose industrial como uma inovação sistêmica para o crescimento verde. A China, que muito criticamos mas não conhecemos sob o ponto de vista ambiental, tem um programa de parques ecoindustriais desde 2001, com 60 sites industriais implantados tendo a visão de Simbiose Industrial como pano de fundo e, mais a fundo, como estratégia fundamental para promover a eficiência no uso de recursos e redução da poluição.
A Coreia do Sul iniciou em 2005 seu Plano Nacional de Parques Ecoindustriais como parte de sua estratégia para o crescimento verde.
Os pesquisadores Chertow e Ehrenfeld desenvolveram uma teoria para o desenvolvimento de simbiose industrial com três estágios:
1. Atores interagem formando sinergias, primeiro visando o mercado, depois dinamicamente, com uma evolução randômica. O número de sinergias e interações, as regulações ou as reduções de custos não são suficientes para assegurar a emergência de uma rede de Simbiose Industrial
2. No segundo estágio, os benefícios líquidos destas sinergias devem ser divulgados e defendidos na esfera pública, causando a emergência de instituições para regular o funcionamento das redes para gerar normas e crenças para facilitar a implantação e a estabilidade da rede.
3. No terceiro estágio, as instituições surgidas das interações entre os atores intensificam sua ação e estendem sua ação a toda a região.
A propriedade emergente característica destes sistemas auto-organizados é que os benefícios destas interações são resultado direto da evolução destes ecossistemas, que propiciam um “momentum” próprio.
Alguns autores defendem que a definição de Simbiose Industrial deve sustentar-se na ecoinovação e nas redes para disseminação de conhecimentos, porém colocam três desafios principais para o estabelecimento das fronteiras da simbiose industrial: Que entidades participariam deste tipo de iniciativas, qual o foco da iniciativa, a geração de empregos tem prioridade sobre a eficiência de recursos? E o engajamento com outros parceiros não tradicionais?
Algumas hipóteses precisam ser estudadas para verificar a viabilidade deste conceito:
1. Os benefícios ambientais e econômicos são suficientes para tornar as simbioses industriais uma regra?
2. A relação fornecedor-consumidor deste tipo de iniciativa é a mesma relação que as tradicionais relações de mercado?
3. A inserção social da empresa é um pré requisito para a emergência de uma simbiose industrial?
4. A Simbiose industrial é efetiva na geração de inovação?
Os próximos posts serão feitos com base no Journal of Industrial Ecology – Special Issue on Industrial Symbiosis.
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