A Conferência bianual em Ecologia Industrial de 2017 aconteceu em Chicago, na Universidade de Illinois. Foram quatro dias de discussões, apresentações e painéis tendo por premissas a Ecologia Industrial e sua contribuição para a Economia Circular e para o atingimento dos recém lançados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 2030.
De início podemos afirmar: A Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial cresceu bastante, espalhou-se pelo planeta e tem propostas inovadoras e eficientes para direcionar o crescimento global em direção à Economia Circular. A quantidade de profissionais novos, especialmente os chineses e indianos, demonstram que estamos às portas de (não menos que) uma revolução no modo de produzir, consumir, reaproveitar e reciclar os recursos necessários para a vida humana.
Há um claro processo de diferenciação e “especiação” no âmbito da Sociedade. Interesses diversos, novas áreas para pesquisa, agrupamento de profissionais em temas de interesse comum tem provocado a formação de diversos grupos especializados, dentre eles a de Metabolismo da Sociedade, Análises de Fluxos de Massa e Avaliação de Ciclo de Vida de Produto.
As premissas da Ecologia Industrial , quais sejam, aumento da eficiência produtiva, redução dos fluxos materiais, aumento da eficiência na produção, distribuição e uso de energia, redução dos resíduos gerados com o consequente fomento da Economia Circular tem sido testadas em todos os locais do planeta, produzindo indicadores eficientes, baseados em métodos científicos, com aplicação em elaboração de políticas públicas e privadas de gestão de materiais, energia e resíduos.
Um fator muito interessante tem sido a aproximação da Ecologia Industrial aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e aos princípios da Economia Circular. Esta aproximação permitirá ao campo agregar indicadores de desempenho social à busca incessante pela redução dos impactos ambientais da produção e consumo, especialmente no que tange aos sistemas industriais envolvidos, e evidenciar a visão de Allenby e outros autores sobre a Ecologia Industrial de “ciência do desenvolvimento sustentável”.
Os avanços apresentados visando solucionar os problemas das cidades, da produção de energia, do aumento da eficiência no uso de recursos hídricos, na redução das emissões de carbono antropogênico responsáveis pelas mudanças climáticas, dentre outros, permitem afirmar que estamos gestando um novo mundo.
Como não poderia deixar de ser, participar desta conferência nos faz refletir em que tipo de soluções e desafios seriam aplicáveis ao Brasil. Como fomentar processos produtivos cada vez mais eficientes e eficazes no Agronegócio e na produção de metais e materiais, considerando os cenários de aumento da produção agrícola e pecuária e o crescimento do estoque global de infraestrutura, como reduzir o descarte de rejeitos para o meio ambiente e aumentar o retorno ambiental e social para o país, congregado com a necessidade de projetos economicamente viáveis em infraestrutura?
Aí entra nosso maior desafio: transformar os princípios da Ecologia Industrial em modelos de negócio aplicáveis no Brasil, com nossas especificidades econômicas e vantagens comparativas e competitivas no Agronegócio e no setor de Mineração.
Este desafio tem tudo a ver com a Economia Verde. Considerando os cenários que se desenham, o aumento da eficiência no nosso Agronegócio se dará pela abordagem do capital privado brasileiro, fundamental pelo capital financeiro e humano, e pelo empreendedorismo (como exemplo o texto sobre economia circular na produção de fertilizantes) , com aplicação de tecnologias desenvolvidas em institutos de pesquisa públicos e futuramente nos privados também.
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