Após a emissão do primeiro green bond da Apple no valor de USD 1,5 bilhão a empresa vai ao mercado de novo para emitir novo título de dívida no valor de USD 1 bilhão.
O Green Bond tem por característica financiar projetos e processos sustentáveis de produção, com adicionalidades na eficiência produtiva e na ciclagem de materiais dos processos produtivos.
Os recursos captados serão investidos nas seguintes atividades:
- Energias renováveis e sistemas de estocagem de energia, sinalizando que a empresa pode diversificar suas atividades e entrar no mercado de baterias;;
- Green Buildings, objetivo de capítulo específico do relatório de Economia Verde da UNEP, cujos princípios sinalizam que os edifícios podem ser geradores de energia;
- Novos designs para edifícios eficientes, relacionados ao tópico anterior;
- Eficiência Energética, aumentando a eficiência ou o Retorno sobre Investimento em Energia (ROIE);
- Melhoria na qualidade da água, da eficiência do uso e na conservação do recurso, creio que em virtude da crise hídrica da Califórnia;
- Investimentos no fechamento dos ciclos de materiais em sua cadeia de suprimento, com o poder de negociação da Apple gerando novos processos produtivos limpos em seus fornecedores em todo o mundo;
- e Eliminação do Uso de Substâncias Tóxicas, numa abordagem que reflete também a Substance Flow Assessment (SFA), técnica aplicada em Ecologia industrial para mapear o caminho de substâncias no ambiente.
Ao avaliar onde serão aplicados os recursos do Green Bond de USD 1 Bilhão identificamos elementos de Ecologia Industrial entrando diretamente na estratégia da Apple. Uma das maiores críticas associadas aos seus produtos é a falta de uma abordagem de ciclo de vida, sem o necessário take-back dos produtos descartados. Já na primeira emissão de Green Bonds a Apple utilizou o recurso para desenvolvimento de uma máquina para reciclar seus produtos em “fim” de ciclo de vida.
O livro Industrial Ecology, Policy Framework and Implementation, de Brad Allenby, já apontava em 1995 como os sistemas produtivos poderiam desenvolver-se até chegar à circularidade, ie., sistemas fechados sobre o ponto de vista do aproveitamento material com fluxo de energia externa ao sistema sustentando esta ciclagem.
No livro Taking Stock of Industrial Ecology observa-se que o campo científico da Ecologia Industrial tem se diferenciado e ramificado, usando várias das técnicas associadas à disciplina, tais como o metabolismo societário, a MFA, a SFA, a Avaliação de Ciclo de Vida, tendo por premissa que a Ecologia Industrial seria a ciência da sustentabilidade e que é possível atingir-se a circularidade material de processos usando apenas o input de energia externa ao sistema.
Reforça-se nas ações da Apple o uso da Ecologia Industrial na elaboração de estratégias de sustentabilidade específicas, com o conhecimento científico relacionado sendo utilizado e aplicado à área de finanças, com o potencial de gerar sinergias globais na gestão ambiental privada.
A acompanhar o desenvolvimento de novas ações.
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