Um trabalho bastante interessante em Ecologia Industrial saiu num dos fascículos do Journal of Industrial Ecology. Analisou uma situação de desenvolvimento regional sob o ponto de vista dos conceitos de ecologia a evolução de um ecossistema complexo. Começa pela pressão adaptativa do deplecionamento de recursos hídricos sobre uma série de componentes de um sistema produtivo com poucas conexões entre si e a necessidade comum de complexificar suas relações para permitir que sua atividade não ficasse comprometida.
A solução obtida foi a de promover o reaproveitamento total (ou quase total) de todos os resíduos gerados pelas indústrias locais como insumos para novos processos econômicos. O resultado foi a diminuição do consumo de insumos e o aumento da eficiência produtiva, com o fortalecimento dos laços entre os componentes do ecossistema industrial formado. Interessante observar a interdependência entre os componentes e a pressão adaptativa.
Creio que esta experiência pode resultar em modelo para Arranjos Produtivos Locais. Explico: Os arranjos produtivos locais surgem da percepção de que as necessidades econômicas locais precisam ser resolvidas e que ao juntar vários atores sociais as soluções tornam-se mais adequadas à realidade, incluindo a interdependência entre os atores deste “ecossistema” local.
Para um biólogo, como é meu caso, me parece uma “sacada” fenomenal, pois a evolução das sociedades parece poder ser explicada a partir do fortalecimento dos laços internos destas sociedades, gerando interconexões entre as “espécies” que constam deste ecossistema, muitas delas sujeitas ao mesmo tipo de pressão e com a mesma necessidade de sobrevivência.
Claro, isso vai contra o suposto “individualismo” e “hedonismo” que são ideias fortalecidas por todo o sistema produção-consumo, mas não deixa de ser uma visão alternativa interessante que aponta para um caminho a seguir.
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Marcio Gama
O cérebro é nossa maior especialização e nos faz humanos e complexos, capazes de pensar, gerir riscos e planejar o futuro.
Nos adaptamos a todos os ambientes conhecidos e aprendemos a utilizar os recursos para nossa sobrevivência. Nesta caminhada, aprendemos a nos adaptar.
Tentamos resolver os problemas que criamos e esta é a parte da nossa caminhada neste planeta, o único que temos.
Sou Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental e Especialista em Gerenciamento de Projetos e as análises que faço aqui refletem a minha visão sobre o tema, balizada em artigos científicos e informações de fonte fidedigna e relevantes. Espero que curtam os textos.
Pequena bio…
Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, especialista em gerenciamento de projetos, trabalhou no Banco do Brasil de 1987 a 2022. Trabalhou com projetos sociais na Fundação Banco do Brasil, com repasses da União Europeia para o Programa de Proteção de Florestas Tropicais do G-7, trabalhou com a Agenda 21 Empresarial e o Sistema de Gestão Ambiental do Banco do Brasil, geriu o Programa Agua Brasil de 2015 a 2019, com finanças sustentáveis e diretrizes de sustentabilidade para o crédito, com critérios socioambientais a serem observados na agricultura e pecuária, com o framework para emissão de títulos de divida verde, sustentáveis e sociais, certificação ISO 14001, trabalhou na área de inteligência empresarial com o monitoramento de tendências, temas emergentes e incertezas em sustentabilidade, representou o Banco do Brasil no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e Carbon Disclosure Project (CDP).
É Sócio-Diretor da ZAPQ Cenários Sustentáveis e Diretor Financeiro da SIS – Soluções Inclusivas Sustentáveis – ONG que advoga pela inclusão da sustentabilidade na estratégia dos componentes do Sistema Financeiro Nacional. É Membro da Sociedade Internacional para Economia Ecológica desde 2013 e da Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial desde 2005.
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