O uso dos recursos hídricos além da capacidade de reposição dos sistemas de suporte relativos ao ciclo hidrológico produzem catástrofes ambientais que podem ser percebidas no tempo de uma geração. O vídeo da CNN sobre a drenagem do Mar de Aral é pedagógico, pois demonstra como a retirada da água acima da capacidade de reposição com vistas a alimentar outras bacias hidrográficas atingiu um ponto de saturação que está levando o corpo d’água à morte.
http://edition.cnn.com/2014/09/30/world/asia/aral-sea-drying/
Passamos por problemas com o abastecimento de São Paulo, nossa maior cidade, e com o Rio São Francisco. Ambos precisam da recarga das águas por chuvas que não se sabe se virão na quantidade necessária para repor os reservatórios. Estas recargas dependem, também, da recuperação dos seus afluentes e da cobertura vegetal obrigatória por lei.
Será que já foi feito o mapeamento e planejamento das necessidades de recuperação de nascentes, da recuperação da capacidade de suporte do sistema ou se trata isso apenas como um problema de falta de chuva? Espero, sinceramente, que o gerenciamento destas duas crises ensine aos gestores públicos que, além das eleições, precisamos gerir nossos recursos hídricos e acelerar a recuperação de nossos ecossistemas. Não vi esta pauta em nenhum dos planos de governo, o que demonstra claramente que as necessidades dos políticos suplantaram as necessidades de recuperação e manutenção dos ciclos ecológicos que sustentam as vidas nas cidades.
Lembrando aquela primeira lição em economia ecológica, o sistema econômico é um subsistema do sistema ecológico e dos ciclos que o sustentam, inclusive o ciclo hidrológico. Podemos estar bem perto de uma crise sem volta. Não há solução técnica para a extinção das condições de vida.
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Marcio Gama
O cérebro é nossa maior especialização e nos faz humanos e complexos, capazes de pensar, gerir riscos e planejar o futuro.
Nos adaptamos a todos os ambientes conhecidos e aprendemos a utilizar os recursos para nossa sobrevivência. Nesta caminhada, aprendemos a nos adaptar.
Tentamos resolver os problemas que criamos e esta é a parte da nossa caminhada neste planeta, o único que temos.
Sou Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental e Especialista em Gerenciamento de Projetos e as análises que faço aqui refletem a minha visão sobre o tema, balizada em artigos científicos e informações de fonte fidedigna e relevantes. Espero que curtam os textos.
Pequena bio…
Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, especialista em gerenciamento de projetos, trabalhou no Banco do Brasil de 1987 a 2022. Trabalhou com projetos sociais na Fundação Banco do Brasil, com repasses da União Europeia para o Programa de Proteção de Florestas Tropicais do G-7, trabalhou com a Agenda 21 Empresarial e o Sistema de Gestão Ambiental do Banco do Brasil, geriu o Programa Agua Brasil de 2015 a 2019, com finanças sustentáveis e diretrizes de sustentabilidade para o crédito, com critérios socioambientais a serem observados na agricultura e pecuária, com o framework para emissão de títulos de divida verde, sustentáveis e sociais, certificação ISO 14001, trabalhou na área de inteligência empresarial com o monitoramento de tendências, temas emergentes e incertezas em sustentabilidade, representou o Banco do Brasil no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e Carbon Disclosure Project (CDP).
É Sócio-Diretor da ZAPQ Cenários Sustentáveis e Diretor Financeiro da SIS – Soluções Inclusivas Sustentáveis – ONG que advoga pela inclusão da sustentabilidade na estratégia dos componentes do Sistema Financeiro Nacional. É Membro da Sociedade Internacional para Economia Ecológica desde 2013 e da Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial desde 2005.
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