Um conceito muito interessante em ciências biológicas é o da co-evolução. Organismos em um determinado ecossistema evoluiriam conjuntamente visando benefícios mútuos, se a interação for positiva, ou maior especialização no nicho onde ocupam.
Na revista Environmental Finance do trimestre um artigo sobre as tendências para geração descentralizada de energia poderia perfeitamente encaixar-se no conceito. O tema foi desenvolvido por analistas de mercado da UBS, empresa de consultoria financeira, que identificaram um potencial disruptivo no desenvolvimento da energia solar, baterias e veículos elétricos, que podem ser considerados como componentes de um sistema que co-evoluem e permitiriam uma mudança de paradigma na produção, distribuição e consumo de energia.
O artigo demonstra que os veículos elétricos serão 10% dos veículos totais na Europa em 2025 e que o potencial de geração de energia solar para alimentar as baterias desenvolvidas para estocar esta energia serão responsáveis pelo crescimento exponencial da geração descentralizada de energia, que por sua vez tornarão obsoletas as grandes plantas de produção e distribuição de energia.
Esta geração descentralizada provocaria uma redução da necessidade de investimento em grandes plantas produtoras e apontaria já para a necessidade de diversificação das atividades das empresas geradoras de energia, com o investimento em cidades inteligentes e nos smart-grids, para adequar-se a este novo possível ambiente de geração e consumo descentralizados. Os investimentos nestes três componentes, segundo o estudo, apresentaria um payback de 6 a 8 anos, sem a necessidade de subsídios.
Esta análise da UBS demonstra como um sistema com diversos componentes interdependentes (carros elétricos, baterias e energia solar) geram feedbacks positivos entre si e promoverão uma evolução disruptiva relacionada a produção e distribuição de energia e, consequentemente, à mudança da matriz energética e da demanda por grandes empreendimentos geradores e distribuidores. O mercado de produção e distribuição de energia parece estar à beira de uma mudança disruptiva bastante interessante. A conferir.
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