O Fundo Soberano da Noruega foi instituído para aproveitar os recursos obtidos com a exploração do petróleo pelo país, visando financiar o desenvolvimento em longo prazo. É o maior fundo soberano do mundo e tem aproximadamente USD 850 bilhões.
Os diretores do fundo resolveram retirar investimentos de mais de 100 companhias envolvidas em mineração de carvão, xisto, produção de cimento e mineração em topos de montanha.
A decisão de retirar estes investimentos destes projetos justificou-se pelos riscos relacionados às emissões de gases de efeito estufa, desflorestamento e gestão de recursos hídricos inadequada, que na opinião do Fundo não compensavam os benefícios gerados.
Apesar disso, cerca de USD 40 bilhões ainda estão investidos em fontes de energia fósseis, porém aponta-se uma tendência do fundo de analisar caso-a-caso destes investimentos e decidir-se pela continuação ou não.
Esta iniciativa de grande porte aponta que as tendências e necessidades apontadas nos relatórios do Banco Mundial, do Fórum Econômico Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente visando fomentar a economia verde, especificamente no papel crucial das instituições financeiras em direcionar tais investimentos, passa a ser realidade e apresentar evidências importantes de que pode gerar movimento.
Ao retirar investimentos de empreendimentos geradores de gases de efeito estufa, que fomentam o desflorestamento ou que não gerem de maneira adequada os recursos hídricos, o Fundo demonstra fortemente que determinados riscos deixaram de ser aceitáveis ou os custos passaram a ser incorporados na análise de viabilidade dos empreendimentos.
Apesar da origem dos recursos ter sido da própria exploração do Petróleo, este fluxo de recursos retirados da geração de combustíveis fósseis representa uma concretização da incorporação de variáveis de sustentabilidade no processo de tomada de decisão.
Uma iniciativa a acompanhar, torcer para dar certo e ser seguida por outros fundos de investimento.
Curtir isso:
Curtir Carregando…
Published by
Marcio Gama
O cérebro é nossa maior especialização e nos faz humanos e complexos, capazes de pensar, gerir riscos e planejar o futuro.
Nos adaptamos a todos os ambientes conhecidos e aprendemos a utilizar os recursos para nossa sobrevivência. Nesta caminhada, aprendemos a nos adaptar.
Tentamos resolver os problemas que criamos e esta é a parte da nossa caminhada neste planeta, o único que temos.
Sou Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental e Especialista em Gerenciamento de Projetos e as análises que faço aqui refletem a minha visão sobre o tema, balizada em artigos científicos e informações de fonte fidedigna e relevantes. Espero que curtam os textos.
Pequena bio…
Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, especialista em gerenciamento de projetos, trabalhou no Banco do Brasil de 1987 a 2022. Trabalhou com projetos sociais na Fundação Banco do Brasil, com repasses da União Europeia para o Programa de Proteção de Florestas Tropicais do G-7, trabalhou com a Agenda 21 Empresarial e o Sistema de Gestão Ambiental do Banco do Brasil, geriu o Programa Agua Brasil de 2015 a 2019, com finanças sustentáveis e diretrizes de sustentabilidade para o crédito, com critérios socioambientais a serem observados na agricultura e pecuária, com o framework para emissão de títulos de divida verde, sustentáveis e sociais, certificação ISO 14001, trabalhou na área de inteligência empresarial com o monitoramento de tendências, temas emergentes e incertezas em sustentabilidade, representou o Banco do Brasil no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e Carbon Disclosure Project (CDP).
É Sócio-Diretor da ZAPQ Cenários Sustentáveis e Diretor Financeiro da SIS – Soluções Inclusivas Sustentáveis – ONG que advoga pela inclusão da sustentabilidade na estratégia dos componentes do Sistema Financeiro Nacional. É Membro da Sociedade Internacional para Economia Ecológica desde 2013 e da Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial desde 2005.
Deixe um comentário