O Banco Mundial publicou em 25.02.2015 um artigo sobre a experiência de emissão de títulos verdes para captação de recursos para investimento em projetos com objetivo de reduzir emissões de gases de efeito estufa.
Na minha opinião, estes títulos são uma forma bastante eficiente de fomentar a economia verde e gerar inovação com novos produtos socioambientais, tendo em vista as áreas onde os recursos captados são aplicados.
É bastante interessante observar e analisar no texto a expansão que este tipo de título teve em 2014, sinalizando um crescimento exponencial das captações por bancos, empresas de energia, agências governamentais e bancos de desenvolvimento.
Quanto à distribuição geográfica, os investidores estão presentes nas Américas (39% do total), Europa (28% do total), África e Oriente Médio (17%) e Ásia (16%) e ao classificar-se por tipo de investidores temos gestores de fundos (43%), bancos (31%), fundos de pensão (11%) e empresas de seguros (15%).
Dentre os projetos financiados pelos recursos captados, destacam-se os de transporte urbano sustentável na Índia, energia geotérmica na Indonésia, melhorias em eficiência energética na China, gestão sustentável de florestas no México e gestão de riscos de desastres na República Dominicana, de acordo com o Banco Mundial.
Como pode-se observar, tirando o projeto de energia geotérmica, com aplicação geográfica limitada, todos os demais projetos teriam equivalentes no Brasil, com grandes oportunidades em gestão de florestas, melhorias em eficiência energética e transporte urbano sustentável, que são hoje grandes gargalos. Adicionaria aqui a recuperação de rede de distribuição de água em grandes cidades, tendo em vista as perdas do sistema evidenciadas pela crise da água nas grandes cidades, com perdas além de qualquer parâmetro aceitável.
Considerando o momento de restrição de crise econômica que o Brasil passa e com tendência a demorar a passar, adicionando a restrição de recursos públicos para financiamento de infraestrutura, com possíveis apagões de água e energia, há grandes oportunidades para projetos bem estruturados, que teriam chance de captar recursos para fomento da economia verde, desde que tais projetos obedeçam regras restritas de compliance com legislação nacional e às regras internacionais com relação à prestação de contas.
Para bancos brasileiros, a obtenção deste funding externo para alimentar a demanda por este tipo de operações demonstraria uma capacidade elevada de captar projetos de qualidade, aproximar a oferta de projetos à demanda por recursos e demonstrar a capacidade de gerir projetos que levam a sociedade para outro patamar de qualidade.
Creio que já temos exemplos no Brasil. O Itaú, por exemplo, conseguiu captar junto ao Banco Mundial recursos para investimento em temas relacionados à Economia Verde, demonstrando que a inovação e a capacidade de captar recursos para investimentos em sustentabilidade pode se tornar um diferencial da instituição para além do compliance ambiental, da remediação de terrenos contaminados ou compensação de impactos ambientais.
Este movimento dos títulos verdes (green bonds) é uma ação do sistema financeiro para enfrentar a necessidade de financiamento da transição da economia tradicional para a economia verde.
O planeta se move. Devemos nos mover também.
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