O quadro abaixo sumariza o impacto de tendências observadas para o circularidade dos materiais numa economia.
A tendência 1 fala sobre a complexidade dos designs de produto. Como exemplo cita os smartphones multifuncionais, que realizam vários serviços que dependeríamos de diversos outros produtos para efetuar. Cita como impacto negativo a dificuldade em separar os componentes em virtude da sua reciclabilidade limitada.
A tendência 2 fala do design modular, que estende o ciclo de vida do produto e permite uma maior remanufatura e reparo.
A tendência 3 fala do produção local on demand e cita claramente a tecnologia de impressão 3D, onde um produto pode ser produzido em qualquer local do planeta, bastando para isso ter o projeto e os materiais que o compõem, aumentando a customização.
A tendência 4 mostra a tendência de se construir serviços a partir de produtos, aumentando a frequência de uso, a longevidade e os serviços de reparo. Um exemplo é a economia do compartilhamento, onde um carro parado pode ser usado por quem precisa do serviço de deslocamento.
A tendência 5 refere-se ao e-commerce e o aumento da eficiência produtiva com menos estoques, onde o produto não precisa de mostruário físico e diminui os deslocamentos dos consumidores para as lojas. Tem sido uma tendência e já tem provocado fechamento de redes tradicionais. Um exemplo claro é a Amazon.com.
A tendência 6 é o aumento da vida útil dos produtos, reduzindo o domínio da obsolescência programada e impactando diretamente a moda.
A tendência 7 lida com o consumo colaborativo, que afetará diretamente a economia da posse em detrimento da economia dos serviços.
A tendência 8 refere-se aos mercados para reciclados, que resulta em empresas especializadas em gerir a reciclagem e destinação de produtos.
A tendência 9, finalmente, lida com a internet das coisas, que permite mais e melhores informações sobre os produtos consumidos e os materiais que os compõem.
Estas 9 tendências ajudam a montar um cenário para a economia circular. Demonstram que há movimento e que precisa-se de condições específicas para desenvolver-se plenamente e tornar a economia um processo circular.
O relatório chama de “enablers”, ou fatores viabilizadores (tradução livre), os três principais fatores geradores de ação:
- Deslocamento da economia da posse para a economia de serviços
- Usar a impressão 3D e a internet das coisas para reforçar a economia circular
- Alinhar políticas e instrumentos para tornar o ciclo de vida de produto mais eficiente
A partir daí provê o diagrama abaixo, onde os requerimentos para uma economia circular emergem em cada fase do ciclo.
A Economia Circular, de acordo com a publicação, é aquela na qual o uso de materiais, incluindo a reciclagem, reuso e recuperação visa reduzir a geração de resíduos, a dependência da extração de matéria-prima e a importação de materiais, com potencial de gerar benefícios ambientais e econômicos.
A abordagem da publicação mais uma vez foca em ações a serem desenvolvidas pelo ente regulador, pelos consumidores e pelas empresas. Uma ação conjunta é o ponto de partida para qualquer movimento que pretenda gerar sinergia.
Muitas das tendências se alinham às necessidades de inovação no uso da tecnologia e é aqui que emerge a interface com o mundo das coisas. Considerando as necessidades de uma economia como a brasileira, a abordagem da Economia Circular como ponto de partida dos nossos projetos de desenvolvimento por parte do regulador e das empresas pode gerar novos movimentos relacionados à atração de investimentos e de novos processos de produção e consumo.
Só temos a ganhar com a consequente geração de empregos necessários para nosso desenvolvimento e novos recursos para aplicar em nossas cidades e nossas cadeias econômicas. A conferir e trabalhar por isso.
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