Um conceito fundamental da Economia Ecológica é o limite. Temos um sistema fisicamente limitado, ainda que energeticamente aberto. A equação referente ao estoque de recursos e ao fluxo econômico criado por este estoque não fecha quando falamos da função sumidouro do planeta Terra.
Ligado diretamente a este conceito está a capacidade deste ambiente de absorver e neutralizar os resíduos gerados, mantendo um equilíbrio dinâmico entre o consumo e a produção, sem causar o ponto sem retorno que transforma de forma irreversível este ambiente e, por consequência, limita as atividades de produção e consumo da espécie.
Em Daly e Farley (2011), apresenta-se a função de produção abaixo:
q + w = F (N, K, L, r, e)
(maiúscula – estoque, minúscula – fluxo)
Donde q – fluxo de produtos, w – fluxo de resíduos, N – capital natural, K – trabalho, L – capital, r – recursos naturais e e – fluxos de energia, i.e., a produção de produtos e resíduos é função direta do capital natural, trabalho, capital, recursos naturais e fluxo de energia utilizados na produção econômica..
Isto posto, diversos indicadores de temos que a exploração de recursos do estoque, representados por N, K, L, r e e para gerar fluxo econômico não tem obedecido aos limites ecológicos do planeta. Há sinais claros de acumulação de impactos ambientais tratados como externalidades na Economia Clássica e que deveriam ser incorporados ao valor do produto.
A parte visível dos limites que estão sendo ultrapassados são visíveis em vários indicadores ambientais: As nuvens de poluição na China parando fábricas e afetando a saúde das pessoas, os grandes giros de lixo plástico nos oceanos alterando a capacidade de produção primária, a contaminação da Baía de Guanabara, a falta d`água em regiões do mundo inteiro e fenômenos climáticos extremos tornando-se frequentes.
Dentro das alternativas em gestão ambiental pública e em gestão ambiental privada para enfrentar o problema temos um sistema que se retroalimenta. A gestão ambiental pública tem os instrumentos para calcular o valor e induzir a economia circular na sociedade e a introdução deste valor à equação exige adequações do sistema produtivo privado para incorporar no valor do produto o consumo dos estoques e da capacidade de assimilação do Sistema Ecológico, do qual depende o Sistema Econômico.
Os sinais de consumo excessivo do capital natural e o acúmulo do fator w da equação estão aí, claros e preocupantes quando se cruza com a identidade IPAT. No entanto, o processo político teima em não adotar os dados científicos para balizar as políticas públicas e as políticas públicas precisam gerar movimento nas empresas, muito em consonância com o que a Ecologia Industrial sugere para o sistema produtivo.
A conferir se este movimento será suficiente para alterar a tendência de comprometimento da capacidade de suporte do ambiente em prover estoques e fluxos econômicos enquanto mantém a capacidade de absorção dos resíduos gerados pelas atividades humanas.
Até o momento temos milhões de toneladas de resíduos sendo lançadas diariamente em nossos sistemas de suporte e com potencial para atuar de forma disruptiva na sociedade.
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