ZAPQ – Cenários Sustentáveis

O Cenário mais provável é fazer acontecer a Sustentabilidade

State of Green Business 2019

O processo de Planejamento Estratégico de empresas e instituições não pode abrir mão de acompanhar os acontecimentos, tendências, temas emergentes e incertezas que podem afetar suas ações.

O acompanhamento dos chamados think tanks é crucial para que possam ser identificados riscos e oportunidades que afetam as variáveis políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, ambientais e de legislação com potencial impacto.

Um dos think tanks mais interessantes sob a perspectiva socioambiental vem do pessoal do Greenbiz.com, organização de empresas e indivíduos dos EUA que promovem negócios sustentáveis, bem como relatórios de qualidade sobre tendências, temas emergentes e incertezas, bem como cenários.

O relatório “State of Green Business”, editado anualmente (leia os posts de 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018), mostra as tendências em sustentabilidade e responsabilidade socioambiental corporativa, abordando o tema de forma integrada e com visão pró economia circular e economia verde.

O relatório de 2019 identifica as 10 principais tendências no horizonte do GreenBiz:

  1. A profissão exige cada vez mais especialização em diversas áreas de interesse, desde ciência de materiais e até finanças, design de produtos e contabilidade. De acordo com o estudo, haverá mais especialização e novos empregos, especialmente em economia circular, energia renovável e gestão de fornecedores.
  2. A extensão do ciclo de vida de produtos começa a aparecer como preocupação dentre os consumidores, deixando de lado os descartáveis ou de difícil gestão logística. Esta tendência tem reflexo direto nas empresas cujo ciclo de negócios é anual e periódico e cujas inovações aparecem de ano em ano.
  3. A gestão dos solos aparece como fundamental para enfrentar as mudanças climáticas, visto que contém três vezes mais carbono que o estocado na atmosfera e que a cada ano temos mais terras degradadas necessitando de recuperação. Este fato impulsiona a atividade da economia da regeneração ambiental, com diversas grandes empresas investindo em novas tecnologias.
  4. Empresas privadas investem em florestas com recursos próprios, fomentando a economia da conservação, tanto com base na compensação de emissões de gases de efeito estufa quanto na recuperação ecológica. A Apple, por exemplo, implementa projetos de reflorestamento nos EUA, na China e na Colômbia.
  5. Ônibus e caminhões elétricos a caminho para substituir os atuais movidos a diesel e reduzir drasticamente a poluição urbana, liderados pela China, onde atingiu níveis alarmantes para a população das cidades. Outro movimento a destacar-se é a iniciativa da FedEx e UPS, nos EUA, para reduzir as emissões de GEE de suas atividades em logística.
  6. Empresas e governos investem em eficiência energética e dobram a produtividade, demonstrando que a troca de motores e de materiais com maior eficiência no uso de energia é um filão que começa a ser explorado e pode reduzir drasticamente a emissão de GEE.
  7. Green loans diminuem o custo do capital para empresas, com seus investimentos em sustentabilidade na produção dando retorno no acesso aos mercados financeiros e novos instrumentos de financiamento. O mercado está incorporando as externalidades socioambientais positivas em prêmios para empresas com sistemas ESG robustos e verificados.
  8. A caça aos superpoluidores tem mobilizado governos e pressionado empresas a realizar pesquisas e substituir materiais, com as premissas de reduzir o impacto ambiental de suas atividades.
  9. Iniciativas de disclosure de informações sobre risco-carbono tem pressionado as empresas a abrir as suas informações para investidores e incluir em suas estratégias de negócios a variável ambiental. Com mais informação há necessidade de maior envolvimento com a realização de inventários, quantificação de emissões e compensação.
  10. Metas baseadas em ciência vão além do carbono, quantificando impactos na água, uso da terra, biodiversidade e oceanos, expandindo o escopo original da gestão de impactos sob a ótica do carbono, apesar da interrelação entre todos os componentes da equação. De acordo com a publicação, as empresas tem que adequar seus modelos de negócios aos limites do planeta, descolando o aumento do retorno sobre o investimento do consumo de recursos naturais além da capacidade de suporte do ecossistema.

As dez tendências não estão ocorrendo apenas fora do Brasil. Para cada uma destas ações temos iniciativas que estão entrando no mercado brasileiro e para os quais temos que nos adaptar. Entidades como a FEBRABAN, a Fundação Getúlio Vargas – Centro de Estudos em Sustentabilidade – e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável tem promovido a introdução destes temas nas grandes empresas brasileiras, funcionando como indutor de boas práticas ou, como este blog costuma dizer, uma pressão adaptativa para um ambiente cada vez mais restrito de negócios.

O desafio ainda é enorme. Na minha empresa, por exemplo, temos o desafio de calcular o impacto socioambiental de nossa atividade fim e incorporar ao cálculo do resultado econômico as externalidades negativas e positivas geradas.

Como bem ressaltou hoje o Jose Truda Palazzo Jr, grande ambientalista brasileiro, só discurso de globalismo nos fará chacota global. O mundo está se movendo e o Brasil está no mundo, os impactos ambientais e sociais negativos se acumulam e somente os governos não darão soluções efetivas. Cuidemos ativamente de nosso planeta, cuidemos ativamente dos nossos negócios, seguindo as melhores práticas globais e aproveitando para desenvolver nosso país.

 

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