ZAPQ – Cenários Sustentáveis

O Cenário mais provável é fazer acontecer a Sustentabilidade

State of Green Business 2023

As estratégias de instituições, sejam elas privadas, públicas ou de terceiro setor, tem por objetivo produzir mudanças desejadas que enfatizem aspectos positivos da sua atuação ou que reduzam a probabilidade de impacto por aspectos negativos.

Para que tais mudanças sejam efetivas, bem como a gestão tenha sucesso em seu objetivo, é necessário que o ambiente onde tais instituições exercem suas atividades seja conhecido e que existam estratégias para que haja uma coevolução entre a instituição e o ambiente onde ela existe e pratica suas atividades

Para a construção de estratégias o planejamento é fundamental e para realizar um planejamento adequado a instituição deve entender trabalhar com cenários que sejam os mais completos possíveis, avaliando aspectos políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais da sua atividade e resultantes da interação entre estes fatores.

A emergência das questões ambientais, sociais e de governança impõe um novo desafio às instituições. Agregar indicadores de desempenho que usualmente não eram medidos, mas que são importantes para que se tenha um panorama mais amplo dos impactos e aspectos positivos e negativos das atividades sobre o ambiente.

Recuperando o conceito de propriedades emergentes e aplicando ao ambiente de negócios e necessidade de sustentabilidade em processos produtivos relacionados a produção, distribuição, consumo e descarte, aponta-se para que os seis aspectos citados interagem entre si e geram novas propriedades de sistema, que precisam ser capturadas pelas instituições e transformadas em estratégias.

Como costumamos fazer todo início de ano, avaliamos o relatório State of Green Business , que apresenta uma seleção das 10 principais tendências do macroambiente que foram capturadas pela análise de diversos agentes de mercado e da sociedade e que tem grande probabilidade de afetar as estratégias de instituições privadas, públicas ou de terceiro setor, exigindo ações para adaptação ao novo ambiente de negócios relacionados à sustentabilidade.

Já de início o relatório destaca que a necessidade de recuperar a biodiversidade entra na ordem do dia. Com a COP 15, ocorrida em Montreal, com mais de 190 países desenvolvendo um pacote de metas e iniciativas para parar a degradação e promover a recuperação dos ecossistemas. A tendência apontada neste tópico é o desenvolvimento de métricas para avaliar políticas, práticas, gestão de riscos e oportunidades e governança das empresas sobre o tema, especialmente aquelas empresas onde o risco climático encontra o risco sobre a biodiversidade. Na nossa opinião, deve desenvolver mais rápido do que a métrica do TCFD.

Um tendência bastante promissora é a expansão dos empregos “sustentáveis”. Uma vez que as instituições são pressionadas a avaliar seus impactos sobre a sustentabilidade do seu negócio, mais profissionais são demandados para desenvolver e implementar estratégias em sustentabilidade que sejam robustas e que vão bem além da visão de marketing.

Fonte: State of Green Business 2023

10 maiores tendências em negócios sustentáveis para 2023

Micromobilidade e trânsito em direção ao Net Zero

O foco desta tendência é a mobilidade urbana. Aprofundar a retirada de carros das ruas, investir em mobilidade e logística sustentável, com distribuição de produtos de forma mais inteligente, promovendo que de 40% a 80% dos deslocamentos sejam feitos de forma sustentável nas cidades e tenham origem em caminhar, usar bicicleta ou transporte público.

Sustentabilidade sendo ensinada no trabalho

A expansão da produção de conteúdo educativo específico por empresas vem avançando, com a preocupação em trazer para o dia a dia do colaborador conceitos de sustentabilidade aplicáveis ao negócio e promover inovações, sejam elas disruptivas, sejam elas adaptativas.

Mensuração de indicadores não financeiros de desempenho entram na lista de prioridades

Um tema recorrente nas atividades das empresas e na mensuração de seus impactos ambientais e sociais é que os indicadores chave de desempenho social e ambiental crescem em relevância ao entregar resultados financeiros e econômicos. A mensuração de impactos sobre a biodiversidade é um exemplo, com o desenvolvimento de métricas para avaliar e publicizar tais impactos. É uma área que exige experiência, treinamento em metas baseadas em ciência e o corpo interdisciplinar, como forma de não concentrar em um tipo de visão estritamente econômica e financeira dos impactos das empresas.

Proteínas alternativas entram no cardápio para enfrentar os impactos ambientais da criação de gado

Três parâmetros são fundamentais para consolidar o mercado de proteínas alternativas: gosto, preço e percepção. Com base nestes três parâmetros, diversas empresas tem investido em desenvolver produtos com aceitação de mercado maior, com a utilização desde células tronco até compostos que mimetizam o gosto da carne. Já disponível em supermercados, pode ser um driver para impulsionar a conformidade na cadeia produtiva da proteína animal caso cresça e ocupe mais market share no dia a dia do consumidor.

Os reportes sobre emissões de carbono tornam-se mandatórios

Inicialmente utilizados para classificar as empresas de acordo com suas estratégias, planos, programas e projetos e avaliar a gestão de riscos climáticos, os reportes sobre emissões de carbono mudam de status e diversas métricas desenvolvidas pelo mercado (por exemplo o TCFD) são incorporadas em legislação pelos bancos centrais, exigindo que as empresas apresentem, além do resultado financeiro-econômico, os indicadores não financeiros de desempenho, sejam eles positivos ou negativos, e que tenham estratégia robusta para gerir tais impactos.

Tecnologias de eficiência hídrica ganham tração

“Climate change is the problem, Water is the messenger” – Jose Galindo, CEO da Waterplan

A adoção de premissas de economia circular e da ciclo hidrológico, bem como a necessidade de incrementar qualidade e quantidade de água tem criado os empreendedores no tema. Tem sido investido cada vez mais a reutilização de água, novas tecnologias e a avaliação do risco-água nos processos produtivos, o que permite planejar a curva de investimentos em novas tecnologias e incrementar a eficiência hídrica em indústrias, cidades e agriculturas, frentes fundamentais para enfrentar os riscos climático, hídrico e de biodiversidade.

Investimentos em Capital Natural despertam o interesse

O surgimento de métricas para avaliar os impactos ambientais das atividades econômicas e as estratégias para gerir os riscos sobre a biodiversidade, especialmente ao considerar-se o framework do TNFD, permite que surja o novo mercado da gestão positiva da biodiversidade, baseado em avaliação de estratégias, avaliação de riscos e oportunidades e publicização dos impactos, gerando transparência. A recuperação da biodiversidade até 2030 e além será responsável por uma grande tração na aplicação de ferramentas de gestão ambiental e da sustentabilidade pelas empresas e é um campo que tende a crescer exponencialmente, ao lado da gestão de carbono, visto serem as duas crises consideradas crises irmãs, na qual a gestão da biodiversidade é crucial para a gestão de carbono.

Tecnologias para Captura de Carbono captam recursos para expansão

Fonte: State of Green Business 2023

O investimento em novas tecnologias de larga escala para a captura e estocagem de carbono tem sido uma aposta de diversas startups e novas empresas em toda a OCDE e os recursos alocados para gerar soluções tem crescido também. O tempo cada vez mais exíguo para alinhar a curva de tendência de aumento de emissões à curva de emissões que estima a quantidade de CO2 que se deve emitir para atingir a meta de 1,5 grau centígrado de aquecimento até 2030 sugerem que as iniciativas atualmente existentes não serão suficientes para cumprir a meta (a rota de adaptação foi amplamente defendida na última COP). A observar e acompanhar a escala de investimentos e as soluções.

Inovação acelera a adoção de Circularidade nos modelos de negócios

Fonte: State of Green Business 2023

As dificuldades pelas quais as empresas passaram para gerir suas cadeias produtivas durante a pandemia funcionou como driver das estratégias para economia circular. Os conceitos da Economia Circular tem por premissa a promoção do descolamento das retas de consumo de recursos e crescimento de vendas, com objetivo de promover a desmaterialização pelo design mais eficiente de produtos e a utilização de recursos recuperados no processo de descarte. Um velho conhecido da Ecologia Industrial, o design for recycling, ganha importância nas estratégias das empresas e reduz a pressão sobre a extração de minerais e fibras, sobre a gestão de resíduos sólidos e rejeitos, efluentes e emissões, com a consequência de reduzir a pressão por explorar reservas de biodiversidade e abrir novas áreas para exploração de recursos.

Energias de fonte geotérmica emergem como alternativas para gerar independência de fontes instáveis e escala no consumo

Fonte: State of Green Business 2023

A crise energética pela qual passa a Europa, em virtude da guerra da Russia contra a Ucrânia e o comprometimento das fontes de energia, a necessidade de reduzir a curva de emissões de gases de efeito estufa pelos EUA e a necessidade de reduzir as emissões geradas pela produção de energia tem impulsionado novos estudos e projetos de geração de energia renovável. O estudo do GreenBizz demonstra que a energia geotermal tem sido encarada como alternativa efetiva para aumentar a disponibilidade de energia, reduzir a dependência de fontes externas de energia e obviamente necessidade grandes aportes de recursos.

Algumas conclusões

As tendências apontadas pelo GreenBiz e os dados apresentados vem demonstrando que há uma corrida por soluções para os problemas ambientais enfrentados em nível global. Conceitos como Economia Circular dando origem a estratégias de negócios e não somente o velho marketing, ações efetivas para encontrar soluções para os grandes desafios da humanidade até 2030, tais como fontes de energia para sustentar os processos sociais, redução da pressão sobre a biodiversidade e a reversão da tendência de destruição até 2030, a necessidade de rapidamente reduzir as emissões para aproximar a curva de emissões atuais da trajetória necessária para limitar o aquecimento global a 1,5 grau centígrado.

Empresas sustentáveis são cobradas por indicadores não financeiros robustos, mensuráveis e verificáveis, amparados em metodologias com ciência, submetidas a cada vez mais pressão para adaptar aos novos parâmetros do ambiente de negócios.

Tendo em vista a escala, a persistência e a potencial irreversibilidade dos problemas ecológicos e ambientais enfrentados com a produção de resíduos sólidos, de efluentes, emissões de gases, da perda intensa de biodiversidade devido a pressão por exploração de recursos acima da capacidade de regeneração, das mudanças climáticas impactando as cidades e o campo, e o impacto sobre a qualidade e quantidade dos recursos hídricos, com potencial para impactar os sistemas naturais das quais as atividades sociais, dentre elas a econômica, é crucial que as tendências e números apresentados sejam avaliados e passem a compor o monitoramento de mercado para gerar novas estratégias, sob pena de não haver adaptação possível.

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