Um conceito bastante interessante em economia ecológica é a necessidade de dematerializar e de-crescer a economia.
A dematerialização refere-se à necessidade de reduzir o consumo de materiais de uma economia sem comprometer a sua produção de riquezas. Significa que um país e sua estrutura produtiva devem adaptar-se à produção de serviços e incorporar o custo ambiental a cada centavo gerado de GDP. Vejo um problema inicial neste conceito: Como convencer um país em desenvolvimento, tipo China ou Brasil, que tem passivos ambientais e sociais enormes, a reduzir seu consumo material? Tendo em vista as deficiências de infraestrutura de estradas, tratamento de água e esgoto, produção de energia e com população ainda crescente, não há como gerar um crescimento denominado verde que reduza o consumo de natureza e de recursos não renováveis.
Portanto, talvez a dematerialização e de-crescimento seja possível apenas em países com uma implementação total do estado de bem estar social e com infraestrutura impecável ou no mínimo bastante superior ao que ocorre no Brasil ou China, como ocorre na Europa e nos EUA.
Isso aponta para uma conclusão de que ainda se aumentarão muito as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera, tendo em vista que grandes países com grandes populações ainda necessitam grandes investimentos em infraestrutura para tornar-se global players.
Esta é uma discussão bastante interessante e crucial para o futuro do planeta. Não vimos ainda no Brasil qualquer preocupação com o que vem por aí.
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Marcio Gama
O cérebro é nossa maior especialização e nos faz humanos e complexos, capazes de pensar, gerir riscos e planejar o futuro.
Nos adaptamos a todos os ambientes conhecidos e aprendemos a utilizar os recursos para nossa sobrevivência. Nesta caminhada, aprendemos a nos adaptar.
Tentamos resolver os problemas que criamos e esta é a parte da nossa caminhada neste planeta, o único que temos.
Sou Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental e Especialista em Gerenciamento de Projetos e as análises que faço aqui refletem a minha visão sobre o tema, balizada em artigos científicos e informações de fonte fidedigna e relevantes. Espero que curtam os textos.
Pequena bio…
Biólogo, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, especialista em gerenciamento de projetos, trabalhou no Banco do Brasil de 1987 a 2022. Trabalhou com projetos sociais na Fundação Banco do Brasil, com repasses da União Europeia para o Programa de Proteção de Florestas Tropicais do G-7, trabalhou com a Agenda 21 Empresarial e o Sistema de Gestão Ambiental do Banco do Brasil, geriu o Programa Agua Brasil de 2015 a 2019, com finanças sustentáveis e diretrizes de sustentabilidade para o crédito, com critérios socioambientais a serem observados na agricultura e pecuária, com o framework para emissão de títulos de divida verde, sustentáveis e sociais, certificação ISO 14001, trabalhou na área de inteligência empresarial com o monitoramento de tendências, temas emergentes e incertezas em sustentabilidade, representou o Banco do Brasil no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e Carbon Disclosure Project (CDP).
É Sócio-Diretor da ZAPQ Cenários Sustentáveis e Diretor Financeiro da SIS – Soluções Inclusivas Sustentáveis – ONG que advoga pela inclusão da sustentabilidade na estratégia dos componentes do Sistema Financeiro Nacional. É Membro da Sociedade Internacional para Economia Ecológica desde 2013 e da Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial desde 2005.
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