O relatório “State of Green Business” é uma iniciativa dos profissionais da Green Biz, think tank ambiental nos EUA, e é publicado anualmente com informações sobre o avanço e os impactos da Economia Verde e tendências observadas de evolução de mercado. O Estudo é anual (GB2016 e GB2017) e demonstra uma tendência forte de consolidação deste movimento nos EUA.
Como já evidenciado neste blog, há um movimento global para promover a Economia Verde. Grandes investidores institucionais tem cobrado uma régua objetiva e consistente para evidenciar as políticas e práticas em sustentabilidade das empresas, evoluindo até a avaliação da intensidade do carbono emitido ou a quantidade de água envolvida nos processos produtivos.
Adicionalmente, a proposição de uma agenda global de desenvolvimento baseada nos SDG’s (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) promove um modelo de desenvolvimento calcado em 17 metas para colocar os países em uma rota de desenvolvimento compatível com um sistema materialmente fechado como a Terra.
Tais iniciativas tem o potencial de mudar o mercado, visto que a incorporação de externalidades negativas no preço dos produtos ou a avaliação de riscos socioambientais de cadeias produtivas pode alterar fluxos de caixa pela imposição de multas ou pela agregação de valor ao produto mais sustentável, gerando empregos de qualidade.
As principais tendências detectadas e destacadas pelo Estudo são as seguintes:
- Critérios socioambientais (ESG) de desempenho movem-se da periferia para o centro das preocupações, exigindo sistemas robustos de ESG das empresas e evidências materiais de políticas e práticas.
- Metas baseadas em ciência entram na estratégia das empresas – As metas definidas para redução de emissões devem estar baseadas em estudos científicos para balizar as ações de redução mais efetivas para cada tipo de empresa.
- Investimentos para cumprir as metas de limite de aquecimento em 2 graus e as metas de desenvolvimento sustentável (SDGs) começam a aparecer, por meio de investidores institucionais (fundos soberanos e fundos de pensão) e grandes investidores, exigindo uma mudança de estratégia dos bancos visando captar, aplicar, monitorar, reportar e verificar se os resultados econômicos, sociais e ambientais prometidos pelos projetos estão sendo devidamente entregues à sociedade e aos investidores.
- Emissões de carbono entram na contabilidade das empresas mais inovadoras, especialmente aquelas relacionadas à tecnologia. Este poder de indução de práticas tem sido observado, por exemplo, na sede da Apple, onde green bonds foram emitidos para suprir as necessidades de investimento em green building, eficiência hídrica, eficiência energética, energia renovável, novos materiais menos intensivos em uso de energia e novas tecnologias para reaproveitamento de aparelhos e computadores antigos.
- Inclusão de pessoas no mercado também entra na agenda, gerando um efeito positivo na percepção dos indivíduos e fomentando o empreendedorismo nas cidades. Para um país como o Brasil, diverso e com boa parte da população fora do mercado de trabalho, é um imperativo considerar tais conceitos nas estratégias.
- Novas tecnologias para estocagem de energia dialogam diretamente com a emergência das energias renováveis e a redução da necessidade de grandes plantas produtoras de energia, tendo em vista o caráter de rede descentralizada de produção.
- Smart cities, com investimentos em mobilidade, teletrabalho, entregas à distância e cada vez mais eficiência no uso da energia e nos deslocamentos para trabalho e lazer.
- Inteligência Artificial promovendo menores impactos ambientais ao avaliar a eficiência do uso de materiais e energia, com sensores de eficiência ambiental avaliando cadeias de fornecedores, impactos diretos e indiretos de investimento em determinadas áreas e promovendo uma mudança radical no cálculo da eficiência produtiva.
- Eletrificação da vida ocorre quando se utiliza energia elétrica ao invés de energia não renovável. Já apontada como alternativa para o uso de petróleo diretamente, o uso de energia elétrica para promover mobilidade e aquecimento e resfriamento de edifícios é uma tendência já observada em diversos países em todo o planeta, inclusive na China, onde a poluição das cidades exigiu investimentos diretos em menor poluição e novas fontes renováveis de energia.
- Biologia sintética, ou síntese biológica de compostos, promovendo a redução de impactos de cadeias produtivas responsáveis por grandes quantidades de emissão de gases de efeito estufa, tais como a produção de leite ou carne.
Estas tendências já estão ocorrendo nos EUA. O relatório original mostra que o movimento de inovação está empurrando o país para a geração de novas tecnologias de produção, com empregos altamente especializados sendo gerados e novas oportunidades de investimento aparecendo.
Os argumentos para se apoiar a Economia Verde sustentam-se, portanto, nos pilares econômicos, sociais e ambientais com resultados positivos em indicadores relacionados ao Desenvolvimento Sustentável e aos 17 objetivos construídos pela ONU.
É interessante observar, também, como a Economia Verde já está inserida num país altamente empreendedor como os EUA. Para cada uma destas tendências citadas no relatório, há diversos exemplos locais de empresas inovadoras pensando em novas maneiras de fomentar processos produtivos sustentáveis, com viabilidade econômico-financeira comprovada e aproveitando também as oportunidades de levantar recursos com investidores privados interessados em novos processos produtivos.
É a receita do sucesso.
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