Os Key Performance Indicators (KPI) são indicadores utilizados para avaliar a aplicação de determinadas ações e seus resultados e são importantes para verificar se as estratégias, políticas, planos, programas ou projetos estão entregando os resultados propostos na fase de design. Outra função importante dos KPI’s é permitir aos gestores e demais partes interessadas que avaliem continuamente os resultados esperados e se há necessidade de alterar ações para corrigir possíveis resultados indesejados.
Um dos princípios fundamentais dos processos de gestão é monitorar os indicadores de desempenho. Estes indicadores devem ser específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e localizados num espaço temporal factível, para que a proposta de mudança seja adequadamente alcançada.
A Agência Ambiental Europeia publica anualmente o relatório “State of Environment”, que em sua versão de 2020 (disponível aqui) analisa os indicadores de sustentabilidade do continente e se as ações sendo implementadas pelos estados que constituem a União Europeia permitem afirmar se os objetivos da Política Ambiental estão sendo alcançados, se estão no caminho planejado ou se estão fora do planejado.
Fonte: Europe’s state of the environment 2020: change of direction urgently needed to face climate change challenges, reverse degradation and ensure future prosperity
A discussão sobre a alta de emissões de gases de efeito estufa (GEE), que vem seguindo uma tendência fora do que está planejado até 2030 na Europa e no resto do mundo, é indicativo para os tomadores de decisão e demais partes interessadas de que ações ainda mais efetivas devem ser tomadas para que o indicador emissão de gases de efeito estufa seja atingido, com efetiva redução.
Fonte: Europe’s state of the environment 2020: change of direction urgently needed to face climate change challenges, reverse degradation and ensure future prosperity
Ao avaliar-se, no entanto, se este KPI será alcançado globalmente, é crucial entender qual o poder de redução de emissões que a Europa tem em relação aos demais países do mundo, e se efetivamente reduzindo as emissões absolutas o impacto será grande em termos relativos.
Ao avaliar-se se países cruciais como os EUA (que anunciam sua saída do Acordo de Paris e implementam políticas públicas e privadas que levam ao aumento de emissões), China, cuja população está entrando na sociedade do consumo, Índia, com mais de um bilhão de pessoas com necessidades críticas sem suprir, e África, com investimentos massivos em infraestrutura, obtém-se um cenário que se apresenta contra os compromissos de redução assumidos.
Incluindo-se na análise a teoria dos jogos, se um ou mais dos atores estratégicos e cruciais, com grandes emissões, se retira do jogo, e estes atores tem alto impacto e alto poder de negociação, os demais atores se sentem com menos disposição a assumir responsabilidades. Talvez o grande problema causado pela saída dos EUA (segundo maior emissor global) tenha sido afrouxar o laço que deve haver entre os países nas relações internacionais para reduzir o potencial impacto das mudanças climáticas, com a assunção de metas ambiciosas para mudar os processos produtivos e a gestão das emissões nas cidades, dentre outros.
O KPI emissões de gases de efeito estufa tem demonstrado estar fora do objetivo até 2030, seguindo uma tendência de alta, e talvez as soluções propostas para atingir as metas sejam irreais. Quais seriam as alternativas para ao menos colocar as curvas de emissões “on track” para atingir os objetivos e, principalmente, qual será o custo das alternativas? Isso determina as estratégias, as políticas, os planos, os programas e projetos que deverão ser implementados.
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