Um dos conceitos mais interessantes da ecologia é o da cibernética. Refere-se ao fluxo de informação que ocorre nos ecossistemas e que, atuando em conjunto com os fluxos de matéria e energia, mantém o equilíbrio dinâmico presente característico destes ecossistemas. Sendo o ecossistema rico em redes de informação, incluindo os fluxos de comunicação físicos e químicos, tais redes permitem a regulação do sistema com um todo.
As respostas ao ambiente depende de feedbacks, sejam eles positivos ou negativos, que permitem a espécie adaptar sua atividade para ocupar de forma ótima a capacidade do ambiente. Transpondo o raciocínio dos feedbacks para a sociedade, podemos imaginar uma situação onde os sinais do ambiente demonstram um comprometimento da capacidade deste em prover a sobrevivência de determinado indivíduo.
Caso a espécie não tenha capacidade ou tempo para adaptar-se à nova situação ambiental, ocasionalmente entrará em processo de extinção. Portanto, para assegurar a existência em longo prazo da espécie, é necessário que o mecanismo de obtenção de informação seja eficiente o suficiente, que o sujeito perceba a alteração e que tenha ferramentas e vontade de adaptar-se.
Com base na capacidade humana de gerar informação relevante para adaptação aos diversos ecossistemas, pergunta-se como adaptar-se às mudanças climáticas?
Primeiro ponto: Reduzir as fontes de emissão de gases de efeito estufa. Como todo processo de gerenciamento, há a necessidade de levantamento de informação de qualidade. Um bom diagnóstico é essencial para que se encontre as alternativas ideais de enfrentamento de determinadas situações.
Segundo ponto: Induzir o aparecimento das alternativas, seja por regulação dos órgãos de gestão ambiental pública, seja por investimento em ciência e tecnologia e adoção de tecnologias apropriadas para redução de impactos. É uma solução de longo prazo, pois implica em investimentos em educação, ciência e tecnologia e inovação, nem sempre prioridades em países em processo de industrialização e com passivos sociais carregados durante longo tempo.
Terceiro ponto: Inovação constante e mecanismos de feedback eficientes, que permitam a correção de rumo. Há um detalhe: especificidades culturais. Caso seja culturalmente aceito o consumo exagerado, torna-se mais difícil mudar este comportamento, pois qualquer perda nesta capacidade de consumo será considerada uma ineficiência nas políticas públicas, mesmo que o objetivo seja reduzir emissões. O conflito passa, a partir daí, a ser problema dos agentes políticos, onde a percepção da afluência diminuída pode tirar do poder o grupo politicamente dominante.
Daí a dificuldade de negociar reduções de carbono em países onde a economia depende do consumo por vezes excessivo de energia de fonte fóssil ou do orçamento dependente da arredacação federal com o consumo.
É uma equação bastante interessante.
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