ZAPQ – Cenários Sustentáveis

O Cenário mais provável é fazer acontecer a Sustentabilidade

Revista Guia Exame 2014 – Gestão Ambiental Privada levada a sério

A Edição 2014 do Guia Exame Sustentabilidade premia as empresas por suas iniciativas em sustentabilidade. As iniciativas, além de reduzir o consumo de recursos naturais renováveis e não-renováveis, geram retorno financeiro e de imagem para as empresas, que consolidam-se como líderes em tais iniciativas.

Há muito o blog escreve sobre a gestão ambiental pública e a gestão ambiental privada e as diferenças entre ambas. No âmbito da gestão ambiental privada, é de extrema importância analisar quais iniciativas adotadas reduzem o risco de perda de receitas pelas empresas.

Dentre as iniciativas adotadas, destaco as seguintes:

1. Adoção pela Tetrapak do plástico “verde” em suas embalagens

Como bem sabemos, grande parte dos resíduos domésticos descartados diariamente são de embalagens Tetrapak, compostas de camadas de plástico, papel e alumínio, e altamente prejudiciais ao meio ambiente (qualquer visita a aterro sanitário ou lixão mostra isso). A adoção da tecnologia do plástico verde e o poder de compra da Tetrapak podem alterar significativamente o equilíbrio de mercado em favor deste tipo de plástico. Restaria, depois, a evidente pergunta do que fazer com o passivo ambiental. De acordo com a´Política Nacional de Resíduos Sólidos, a sociedade paga uma parte, a empresa paga outra e o Estado fiscaliza. Tá ok?

2. Unilever e a certificação de seus fornecedores

A meta de atingir 100% de certificação de seus fornecedores até o final da década é uma ação de grande escala da Unilever que pode resultar em grandes ganhos para sustentabilidade ambiental. Com 5000 parceiros a Unilever desenvolveu um sistema de seleção e avaliação que inclui programas de qualidade e adoção de práticas socioambientais. Os insumos agrícolas devem passar por programas de certificação e a Unilever incentiva a adoção de certificações reconhecidas pelo mercado. O poder de negociação da empresa em relação aos fornecedores e ao mercado podem ser cruciais para deslocar a régua da sustentabilidade na produção no Brasil. Como indicadores o executivo da empresa cita que passou de 20% para 40% de insumos de fontes certificadas em três anos. Impressionante.

3. Criação de unidade de negócios para aproveitar oportunidades de reciclagem

O valor econômico dos resíduos descartados e o seu reaproveitamento são temas críticos para uma gestão ambiental efetiva. A EMBRACO aproveita cerca de 99% dos mais de 2 milhões de compressores produzidos e descartados, dando nova destinação ao que recicla. Isso significa 12.000 toneladas de resíduos reaproveitados, incluindo o reaproveitamento de 60.000 refrigeradores. Como bem se sabe, a reciclagem dos compressores de geladeiras devem obedecer a certos critérios, visto que o gás utilizado para resfriamento precisa ser coletado e tratado. Esta iniciativa, quando casada com a implementação plena da Política Nacional de Resíduos Sólidos, pode dar um ótimo resultado.

4. Utilização do conceito de economia circular pela HP

A economia circular é o conceito principal da Ecologia Industrial, onde busca-se o reaproveitamento total da energia e matérias utilizados em sistemas produtivos. A HP promove tanto o reaproveitamento de matéria-prima reciclada e reinserção de materiais nos processos produtivos por seus fornecedores quanto a pesquisa por tecnologias que aumentam a eficiência dos seus produtos. É crucial para a abordagem da empresa o conceito de Análise de Ciclo de Vida, no qual se avaliam os impactos ambientais dos processos produtivos deste a extração de recursos naturais até o descarte. Com isso, é possível escolher alternativas técnicas e tecnológicas para reduzir o impacto total dos produtos e assim aumentar a eficiência produtiva.

A revista detalha diversas outras iniciativas, mas estas quatro são emblemáticas. Adoção de novas tecnologias, certificação de fornecedores, novos negócios relacionados à reciclagem e a aposta na economia circular são movimentos muito eficientes que usam o poder de negociação das empresas nos seus mercados de atuação para gerar um novo patamar, superior, sem dúvida, de equilíbrio. As exigências de grandes empresas para seus fornecedores tem um grande poder transformador nas cadeias produtivas e nos impactos para a sociedade. São estudos de casos que deveriam ser analisados em todas as escolas de administração pública.

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Uma resposta para “Revista Guia Exame 2014 – Gestão Ambiental Privada levada a sério”.

  1. Muito interessante a sua análise, Márcio! Das iniciativas abordadas, gosto especialmente da “economia circular”, pelas possibilidades que ela traz não apenas para a sustentabilidade socioambiental, mas para a busca de inovação e novas oportunidades de negócios com parceiros da cadeia de valor.
    Ótimo blog! Parabéns!
    Celinha

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