O Encontro bianual da Sociedade Internacional de Ecologia Industrial ocorreu na Universidade de Surrey, Inglaterra, onde pesquisadores de todo o mundo apresentaram a evolução dos temas associados ao estudo deste interessante campo de pesquisa.
Notável estabelecer a evolução do campo de pesquisa de acordo com os estudos de Allenby em seu livro “industrial Ecology: Policy and Implementation” e presenciar que cada vez mais pesquisadores estão desenvolvendo projetos em seus países relacionados à Ecologia Industrial.
O pressuposto básico da Economia Circular tem sido citado em vários documentos oficiais para a COP 21 e países tem adotado como premissas de seus órgãos ambientais a análise de impactos ambientais das suas economias com base no Life cycle thinking (LCT).
Meu interesse específico neste evento, onde apresentei dois trabalhos em anos anteriores, em 2007 e 2011, foi o da evolução dos ecossistemas industriais, arranjos produtivos locais e regionais onde a abordagem integrada de impactos ambientais e emissões gera um planejamento espacial e temporal visando gerar maior eficiência e sinergias produtivas entre os atores regionais, com fomento por parte do ente estatal, como indutor, e dos entes privados, como implemtadores dos sistemas.
Foi gratificante verificar que o campo de pesquisa evoluiu ao ponto de influenciar diretamente arranjos produtivos industriais na China, no Japão e na União Europeia e EUA e que pesquisadores da UFRJ tentam aplicar os conceitos na indústria sucroalcoleira, com o aproveitamento de resíduos para a geração de energia.
Pontos interessantes emergiram das discussões diversas: um deles, crítico, refere-se a como fazer para que o tempo dos políticos eleitos localmente consiga sincronizar-se com as soluções de longo prazo. É problema comum que os recursos são limitados em função de demandas ilimitadas e que as prioridades políticas muitas vezes não casam com as prioridades da agenda da sustentabilidade, especialmente no Brasil, onde temos acompanhado com vergonha os efeitos das operações da polícia federal.
Outro ponto importante destacado é o metabolismo das sociedades: como as diferentes localidades utilizam seus recursos para executar suas atividades e quais são as possibilidades para aumento da eficiência dos sistemas urbanos, seja em termos do uso de energia, da mobilidade e dos edifícios.
As conclusões do evento mostram que há grandes novidades sendo implementadas em todo o mundo, que há um compromisso genuíno dos pesquisadores com a implementação da economia circular, com o aumento da eficiência dos sistemas produtivos por meio do LCT e suas técnicas, especialmente a análise de ciclo de vida (LCA ou ACV) e a análise de fluxos de massa (MFA) e a formação de parcerias estratégicas entre os governos e empresas par fomentar os princípios da Ecologia Industrial.
Como bem explicitado por Reid Lifset na palestra inicial, um dos maiores pesquisadores do tema, a Ecologia Industrial é uma das maneiras mais eficientes para praticar a sustentabilidade. Pelos trabalhos apresentados no Congresso, temos tudo para ter esperança numa economia circular chegando ao planeta, especialmente nas economias com maior output, como a chinesa, de onde vieram a maioria dos pesquisadores, e da europeia.
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