Texto publicado hoje na environment360, blog de assuntos ambientais da Universidade de Yale, analisa a ausência de metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) relacionadas ao transporte de pessoas e cargas em torno do planeta.
A motivação emerge do fato de que as emissões de navios e aviões respondem por 6% das emissões globais de GEE, com expectativa de chegar a 40% das emissões globais em 2040, e que existe uma dificuldade em atribuir as emissões aos países, tendo em vista a natureza transfronteiriça destas atividades.
A posição das duas principais organizações relacionadas ao transporte de cargas e pessoas em relação ao tema emissões de GEE revelam posições antagônicas e tentativas de bloquear iniciativas com base na velha dicotomia crescimento econômico x responsabilidade ambiental.
Enquanto a Internacional Civil Aviation Organization (ICAO) analisa que tipo de ações tomar, visando claramente gerar um compromisso a ser seguido pelas empresas responsáveis por até 90% das emissões do transporte aéreo, com a tendência a investir em renovação tecnológica em biocombustíveis para redução das emissões líquidas e compensação por meio de doação de recursos ao REDD+, a Internacional Maritime Organization (IMO) ainda tem dúvidas quanto à assunção de metas para redução de emissões, com o argumento de que a adoção de metas reduziria o crescimento econômico.
No texto publicado explica-se também que houve discussões no âmbito dos países desenvolvidos e em desenvolvimento e que metas para o transporte marítimo foram bloqueadas pelo grupo dos BRICs, Brasil, China, Rússia e Índia, justamente com base no argumento dicotômico, causando estranheza à Sustainable Shipping Initiative (SSI), cujos membros incluem a Maersk, a Carnival e grandes usuários como a Cargill.
Os grandes movimentos globais surgidos a partir da COP 21, visando pressionar os processos produtivos e os elos de distribuição e consumo a eles ligados, dentre eles a logística, demonstram que haverá uma busca acelerada por eficiência e esta busca terá por resultados maior investimento em ciência e tecnologia, com motores cada vez mais eficientes, combustíveis mais eficientes e ações urgentes para redução de consumo de combustível.
As cadeias produtivas que sustentam a transição para a Economia Verde serão beneficiadas pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento e novas cadeias produtivas relacionadas. No entanto, como bem visto nos papéis desempenhados por governos, organizações não governamentais e associações de classe, uma maior pressão relacionada às metas de redução de emissões e em investimento em eficiência no uso de energia seguramente terá um efeito sinérgico na aceleração da busca por soluções, sejam elas políticas, tecnológicas ou comportamentais.
O mundo prepara-se para uma economia de baixo carbono. O Brasil deverá estar preparado para não somente receber para conservar e gerir de forma sustentável suas florestas, mas também desenvolver tecnologias de baixa emissão carbono que possam incorporar-se no mercado global. E nossas crianças já deveriam estar aprendendo isso.
É nosso desafio.
Deixe um comentário