O livro “Taking stock of Industrial Ecology” foi lançado por pesquisadores da área no encontro Bianual da Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial, realizado na Universidade de Surrey, na Inglaterra, em 2015.
Neste livro são compiladas as principais frentes de pesquisa deste ramo da ciência e as principais premissas. A definição de Graedel e Allenby refere-se à Ecologia Industrial como o modo pelo qual a humanidade pode deliberadamente e racionalmente abordar e manter a sustentabilidade, dadas a evolução econômica, cultural e tecnológica da sociedade.
O sistema industrial, no qual podemos encaixar o sistema produtivo da agricultura e pecuária de larga escala, não pode ser analisado isolado dos sistemas naturais que garantem sua existência, mas como parte integrante. Por isso, a visão da Ecologia Industrial é a de que o ciclo total dos materiais deve ser otimizado, para que os recursos, energia e capital sejam preservados e as condições ambientais sejam adequadamente gerenciadas.
Dentre as ferramentas utilizadas para analisar os sistemas produtivos e sua interrelação com os sistemas de suporte, a Ecologia Industrial utiliza principalmente os seguintes:
- Análise de Ciclo de Vida, cada vez mais comum para comparar materiais e métodos produtivos e sua eficiência
- Design for Environment (DfE), que preconiza o planejamento de produtos e serviços visando causar o menor impacto possível durante o ciclo de vida
- Análise de Fluxos Materiais, que quantifica os fluxos de materiais e energia em determinado tempo e território e sinaliza possibilidades de aumento de eficiência (com a variante da Análise de Fluxo de Substâncias, para materiais potencialmente perigosos)
- Metabolismo Socioeconômico, que analisa o perfil produtivo dos países e seu consumo de materiais
- Análise de input-output, que analisa os fluxos de materiais e energia dentro dos diferentes setores de uma economia nacional
- Metabolismo urbano, com os fluxos de energia e matéria dentro das cidades, visando aumentar a eficiência das atividades econômicas internas e reduzir o impacto sobre os sistemas de suporte e
- Simbiose industrial, que visa gerar regiões industriais produtivas com a utilização do conceito de resíduo zero.
Estas sete principais ferramentas de análise são utilizadas para avançar este campo científico. Muitas delas já foram analisadas no blog, sendo que cada uma é um mundo à parte e aplica-se ao avanço prático dos conceitos de sustentabilidade, podendo ser aplicados às atividades de diversas partes interessadas, desde os planejadores públicos até os agentes econômicos privados.
Não por acaso pode-se utilizar as ferramentas para praticar gestão ambiental pública ou gestão ambiental privada. Na pública destacam-se a Análise de Fluxos Materiais, o Metabolismo Socioeconômico, o Metabolismo Urbano e a Análise de input-output, com uma possível aplicação de ações de gestão ambiental visando reduzir os impactos ambientais nacionais, regionais ou locais ou desenhar políticas efetivas de redução destes impactos com base nas informações que surgem da aplicação destas ferramentas.
Na gestão ambiental privada destacam-se a Avaliação de Ciclo de Vida, o Design for Environment e a Simbiose Industrial, compondo um amplo leque de alternativas para o avanço das atividades em sustentabilidade.
Como descrito no blog, a cada encontro bianual da Sociedade (IS4IE.org), percebe-se que está havendo um processo de evolução, que na minha visão seria semelhante ao processo de especiação na natureza: Mais pesquisadores especializando-se nas sete ferramentas e promovendo um avanço cada vez maior dos campos. Tais pesquisas, como preconizaram Graeden e Allenby, voltadas para a aplicação prática dos conceitos de sustentabilidade aos processos produtivos e ao planejamento territorial.
Os avanços são evidentes e seguramente a Ecologia Industrial, que é base para a estratégia de Economia Verde da Europa e nos sistemas produtivos na China, bem como aparece nos EUA, tem muito a contribuir após as discussões sobre as emissões de gases de efeito estufa na COP-21, em Paris. Assim como na gestão de recursos hídricos, contaminação de solos e demais processos que causam impacto sobre os sistemas de suporte.
Vale a pena ler o material todo.
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